CAUSAS
Apesar das causas do joanete serem pouco conhecidas, sabe-se que ele é resultante de uma instabilidade da articulação metatarsofalangiana (articulação que une os ossos do metatarso e as falanges), resultando no desvio do dedo para cima dos outros dedos. Parece que existem alguns fatores que aumentam a chance dessa deformidade se desenvolver. É difícil que apenas um fator cause o joanete. Normalmente, ele acontece por uma combinação de fatores internos e externos.
Fatores internos
São fatores próprios do indivíduo. Sendo eles:
– Genética: pessoas que possuem histórico familiar têm tendência a desenvolver o desvio no hálux. A predisposição genética também está ligada a outros fatores causais como o pé chato, por exemplo. Ele, além de ser um fator genético, é uma das causas do joanete. Sabe-se que mulheres têm um fator genético maior do que os homens, que favorece o aparecimento do joanete. Frouxidão ligamentar, que pode ser genética, é outro fator que, muitas vezes, está associado ao desenvolvimento do joanete;
– Pé chato e pronação excessiva (hálux valgo): o pé chato e a pronação excessiva já são fatores importantes para o desenvolvimento do joanete. Porém, é bem comum esses fatores estarem associados, o que aumenta a chance de desenvolver o joanete. Nos dois casos, o pé tende a ter uma rotação para fora e o tornozelo um desvio medial, aumentando o contato dessa região do pé com o solo. Portanto, a ação das forças nos dedos fica alterada e a carga medial no hálux é maior, empurrando o hálux contra os outros dedos;
– Idade: o joanete é uma doença progressiva. Portanto, quanto maior a idade maior a chance de o joanete estar acentuado. O envelhecimento leva a perda muscular natural e o desabamento ósseo faz o indivíduo perder o suporte articular, desenvolvendo a doença;
– Peso: o aumento do peso corporal eleva a quantidade de carga nos pés, fator que pode rebaixar o arco e sobrecarregar o hálux. Esse detalhe, associado a outros, acentua a formação do joanete;
– Fraqueza da musculatura intrínseca do pé: os músculos intrínsecos do pé ajudam na função de mola dos ossos do pé e na estabilização do arco plantar, com o intuito de amortecer a pisada. Além disso, a contração da musculatura auxilia na fixação do hálux. A fraqueza dos Músculos Intrínsecos diminui o suporte do arco, favorecendo a hiper pronação, o rebaixamento do arco plantar e o aumento de carga no hálux;
– Doenças neuromusculares: as doenças neuromusculares, principalmente as que atrofiam o músculo, colaboram para o desenvolvimento de deformidades porque diminuem o suporte do tecido.
Fatores externos
São fatores relativos ao ambiente. Sendo eles:
– Calçados: trata-se do fator externo mais importante. Utilizar, constantemente, calçados que são mais apertados na região dos dedos (como saltos e calçados com bico fino, por exemplo), favorecem o desvio do hálux, devido à compressão direta nos dedos;
– Atividade física: atividades que aumentam a sobrecarga nos pés ou que requerem o uso de calçados mais apertados podem acelerar a formação do joanete. Os praticantes de corrida ou de ballet, por exemplo, tendem a sofrer mais com essa doença.
SINAIS E SINTOMAS
Quando o joanete está se desenvolvendo, é comum sentir dores nas articulações, agravadas pela pressão dos sapatos ou atividade; edema e vermilhidão na região.
– Dor persistente ou intervalada: nos estágios iniciais, o joanete pode não apresentar dor ou apresentar dor com intervalos. Geralmente, esse desconforto está associado à utilização de calçados apertados ou sobrecarga. Porém, com o desvio progressivo do hálux, essa dor pode se tornar constante, devido à inflamação e à formação do calo ósseo que limita o movimento articular.
– Alteração da marcha e equilíbrio: o joanete pode afetar a marcha e o equilíbrio da pessoa, pois altera a biomecânica da pisada, principalmente, nas fases de apoio terminal em que ocorre a impulsão. O hálux desalinhado lateralmente não consegue exercer corretamente a função de impulsão, o que pode piorar ainda mais o joanete, além de provocar dores associadas à dificuldade de caminhar.
Classificação
Existem várias maneiras para se classificar o joanete, pois sabe-se que ele é progressivo e a identificação do estágio pode ajudar na melhor escolha de tratamento. A maneira mais simples de se avaliar é ficar de pé alinhando os dedos para frente e ver o quão inclinado está o primeiro dedo ou o quinto dedo (bunionette).
Mas existem classificações mais específicas para a avaliação em casos mais graves. O exame de Raio X é o mais utilizado, pois permite medir a angulação entre o osso do metatarso com a falange proximal do mesmo dedo para se medir o desvio entre eles. Traça-se uma linha paralela aos dois ossos e tira a medida da angulação entre essas duas linhas.
De acordo com com as diretrizes estabelecidas pelo American Orthopedic Foot and Ankle Society, o ângulo normal seria de até 15 graus. A medida com que o ângulo aumenta, o desvio vai sendo considerado mais grave. Até 20 graus é considerado leve, moderado é de 20 a 40 graus, e grave é de 40 graus ou mais.
Não vá se confundir
Existe uma outra patologia muito confundida com o joanete, a gota. A gota é uma forma comum e complexa de artrite que pode afetar qualquer pessoa. O seu diferencial em relação as outras formas de artrite é que é causada pelo excesso de ácido úrico no organismo, que leva à formação e o acúmulo de cristais nas articulações e gera episódios repentinos de fortes dores.
Geralmente, as crises de gota ocorrem em episódios isolados: o indivíduo sente, subitamente, fortes dores em alguma articulação do corpo (podendo estar acompanhada de inchaço, vermelhidão e aumento da temperatura no local) e que tendem a sumir em um ou dois dias sem deixar outros sintomas aparentes. Por ser bem comum na articulação do dedão, é frequentemente confundida com o joanete. Para distinguir uma doença da outra, é importante ter em mente as suas características. Enquanto o joanete tem caráter progressivo e o desvio vai aumentando com o tempo, a gota se manifesta em episódios. Após um caso de gota, a articulação dos pés volta ao normal com o tratamento, mas pode ser acompanhada de estados febris. Essas características não são encontradas em pessoas com joanete.
Lembrando que: todas as dores devem ser tratadas adequadamente e, para isso, é fundamental um diagnóstico preciso. Apenas através de uma avaliação minuciosa, envolvendo coleta de histórico, palpação e exames mais específicos, o especialista poderá indicar o tratamento correto.
PREVENÇÃO E TRATAMENTO
O joanete não tem cura e não há um protocolo de tratamento padrão para todos os casos. Se estiver com dor na região da base do dedão e perceber o desvio do hálux em direção aos outros dedos, é recomendada a procura por um especialista. Deve ser avaliado o grau do joanete e as informações específicas de cada paciente, como idade, estilo de vida, intensidade dos sintomas e estado geral da saúde. A partir da coleta de dados, é possível determinar qual o melhor método de tratamento: conservador ou cirúrgico. O tratamento conservador não visa a correção do desvio. Sua finalidade é atenuar os sintomas e impedir a progressão do joanete.
É muito comum ouvir falar de cirurgia para correção do joanete, pois apenas a correção cirúrgica melhora a estética. No entanto, ela deve ser evitada ao máximo, pois existe um risco elevado de surgimento de dor constante após a cirurgia, recidiva do joanete e perda de sensibilidade local. Normalmente, um longo período de recuperação sem colocar peso sobre o pé operado também é necessário e, por isso, só é recomendado em casos mais severos.

Tratamento conservador
– Mobilização articular e exercícios para a musculatura intrínseca do pé;
– Perda de peso: para diminuir a sobrecarga nos pés;
– Correção biomecânica: em casos de pé chato e pronação excessiva, com palmilhas sob medida que tenham suporte para o arco plantar. O intuito é manter o alinhamento do pé e reparar a pronação;
– Adaptação dos calçados: dar prioridade para modelos mais confortáveis e largos na parte dos dedos. Evitar salto e sapatos de bico fino;
– Órteses para o dedo e bandagens: existem pequenas órteses que podem ser utilizadas para estacionar a progressão do joanete. Porém, é importante saber se as órteses são paliativas, já que ela deve atuar diretamente na causa do joanete.
PALMILHAS PÉS SEM DOR® PARA JOANETE
Sabe-se que as palmilhas ortopédicas podem aliviar as dores do joanete. Elas ajudam a evitar alguns fatores diretamente ligados à deformidade quando oferecem o suporte ideal. Por serem confeccionadas com base nos dados obtidos por equipamentos tecnológicos avançados, as palmilhas Pés Sem Dor são feitas com o formato exato dos seus pés.
Durante a avaliação, os pés, tornozelos e joelhos são analisados e posicionados de forma alinhada sobre o escâner 3D – equipamento que mede todas as dimensões do pé, incluindo altura e posicionamento do arco plantar, de forma que o alinhamento ideal da estrutura de cada indivíduo seja seguido. Dessa forma, as palmilhas para o tratamento do joanete terão a sustentação ideal do arco. Uma elevação na região dos metatarsos também é bastante utilizada para ajudar no posicionamento dos metatarsos. Ela pode ser feita com o que chamamos de piloto (elevação arredondada) ou com uma barra retrocapital (elevação em barra). Além de melhorar a distribuição de carga e alinhar os pés durante a pisada, as palmilhas Pés Sem Dor promovem um encaixe perfeito do pé com o calçado, proporcionando maior conforto a quem utiliza.

Palmilhas ortopédicas sob medida Pés Sem Dor
CIRURGIA
Diante do insucesso do tratamento conservador, em último caso e em graus mais avançados, pode-se optar pela cirurgia de realinhamento do hálux. A cirurgia consiste em realinhamento da articulação deformada e, em casos mais avançados, pode ser necessário o realinhamento de outras articulações. É importante entender que mesmo com a cirurgia, a pessoa pode voltar a desenvolver o joanete se a causa dele não for retirada. Existem diferentes técnicas, uma delas é feita uma incisão o em V no osso do primeiro metatarso, como demonstra as imagens abaixo:

Ilustração de uma opçao cirurgica para o joanete
O procedimento cirúrgico é algo invasivo e predispõe complicações. Existem várias técnicas para correção do joanete, como uso de pinos ou hastes. Este procedimento é doloroso, principalmente no pós-cirúrgico. Essa medida realinha o dedão (hálux) com o osso do pé, porque o excesso de osso na parte medial do pé é cortado e os ossos são alinhados, costurando os tendões e tecidos da região. Dependendo do caso, quebra-se o osso do pé (metatarso) para fixa-lo de forma alinhada.
Esse procedimento pode ter um pós-operatório muito demorado e doloroso. Normalmente, a pessoa deve ficar alguns dias sem andar e pode desenvolver outras dores nos pés, como fascite e metatarsalgia (dor na parte anterior dos pés).
Entretanto, uma vez que o joanete apresenta uma origem mecânica (pisada), se não houver a correção do mecanismo que levou ao surgimento dele, há uma grande chance de recidiva. Então, mesmo optando pelo tratamento cirúrgico, é elementar que se corrija a pisada para a não recidiva do joanete.
CALÇADOS
A joanete ataca muito mais as mulheres do que os homens. Por questões socioculturais, as mulheres tendem a utilizar mais salto alto e sapatos apertados, o que influência no surgimento da doença. O salto alto desloca o peso corporal para frente, deixando que os dedos recebam grande parte da pressão. Além disso, o bico mais estreito comprime os dedos na direção do desvio, o cenário perfeito para que um joanete apareça.
A escolha do sapato é fundamental para quem tem joanete. Sapatos de bicos mais estreitos favorecerem o desalinhamento dos dedos. Evite usar sapatos de salto alto e sapatos com a região anterior mais estreita. Prefira calçados mais largos e confortáveis na região anterior.
ESPORTES
Ballet
O ballet é uma dança praticada na ponta dos pés. Nela, usa-se sapatilhas de ponta que intensificam a compressão dos dedos e sobrecarregam a parte frontal do pé. Por isso, com o intuito de evitar as lesões, recomenda-se o uso de bandagem e de separadores de dedo dentro da sapatilha. Esses recursos ajudam a estabilizar e a alinhar melhor os dedos. Apesar de ser mais comum em bailarinas, o joanete também é habitual em dançarinos (dos mais diversos tipos). Mesmo sem estarem o tempo todo na ponta dos pés, eles sobrecarregam a frente do pé para melhorarem a movimentação e os giros;
Corrida
É comum ouvirmos queixa de joanete entre os corredores. O número de adeptos a essa modalidade aumentou, porém ainda faltam instruções de como se prevenir durante a atividade. A pronação ou supinação, associada a alta intensidade e ao movimento repetitivo do exercício, aumentam as chances de aparecer o desvio.
Corredores de curta distância são os que possuem maior risco, pois tendem a utilizar somente as pontas dos pés para a recepção de carga e impulsão. Este movimento concentra a pressão na região anterior dos pés, sobrecarregando os dedos.
DICAS E CURIOSIDADES
Compressas de gelo: o gelo aplicado sobre a região diminui o fluxo sanguíneo na região e desacelera a resposta inflamatória no local. Embora não resolva o problema em si, sua aplicação por 20 minutos gera o alívio imediato da dor. Pode ser realizada de uma a três vezes por dia;
Exercícios de fortalecimento: fortalecer a musculatura do pé é essencial, pois a musculatura garantirá a estabilidade e alinhamento dos ossos caso haja alguma sobrecarga;
– Exercício 1
Tente pegar uma toalha do chão com os dedos dos pés;

Exercícios podem ajudar com as deformações.
– Exercício 2
Com o pé todo encostado no chão, faça força para abrir os dedos, segure por 10 segundos e relaxe. Faça de 10 a 15 repetições, de 2 vezes por dia.