Essas duas patologias são deformidades dos dedos e, normalmente, acontecem por retração e encurtamento dos tecidos (músculos e ligamentos) do pé. De acordo com o estudo “Hammer Toe Deformity”, o dedo em garra e em martelo pode ter relação com problemas neurológicos, como o derrame, paralisia cerebral e Pé Marie-Charcot, diabetes, artrite reumatóide e distúrbios genéticos. Recebem os nomes de acordo com o posicionamento dos ossos dos dedos e, normalmente, geram muitos calos e dificultam a utilização de alguns tipos de calçados.
No Brasil, 11,4% da população têm dedos em garra ou martelo. A diferença principal entre essas deformidades é a posição do osso da ponta do dedo acometido. No dedo em garra ele ficará fletido (para baixo) e no dedo em martelo ele ficará estendido (para cima). As duas patologias estão ligadas à retração de ligamentos e tendões, além do desequilíbrio das forças musculares que atuam sobre os pés e dedos. O dedo em garra pode também estar relacionado a alguma alteração neurológica (doenças neuromusculares).
Posicionamento dos dedos em garra e em martelo
As possíveis causas do dedo em garra e martelo são muito discutidas. Alguns autores atribuem a cápsula e ligamento “Plantar Plate” localizado entre o metatarso e 1º osso do dedo (falange proximal), tendo como função suportar as pressões, manter os dedos alinhados e dar maior estabilidade da articulação. Caso exista algum tipo de lesão/frouxidão “Plantar Plate Disfunction” pode levar a articulação a uma instabilidade, inflamação local e incapacidade de suportar as cargas, fazendo com que o dedo adote a posição em flexão.
Diante da lesão ou frouxidão da cápsula e ligamento, a musculatura se contrai de forma desequilibrada, os músculos flexor curto e longo dos metatarsos fazem a flexão das falanges adotando as posturas em garra ou martelo. Ocorre também a contração da musculatura extensora dos dedos que ao se retraírem podem comprometer a mobilidade do tornozelo, tornando o pé e os dedos muito mais rígidos e limitados.
Essas patologias iniciam com uma simples alteração do alinhamento dos dedos, e a mobilidade e a força do pé se mantêm. Com a progressão, podem evoluir a uma deformidade rígida, com dor e mobilização, e com perda de força e controle dos dedos e do pé. Nos casos mais graves, pode-se optar por cirurgias de correção e alinhamento dessas deformidades.
Assista ao vídeo abaixo sobre dedo em garra e em martelo:
Os principais fatores relacionados às alterações dos dedos são advindos do mau posicionamento do pé por longos períodos e da sobrecarga no antepé (ponta do pé). Além disso, um desabamento do arco transverso do pé (arco formado anterior aos dedos, pelos ossos metatarsos) pode resultar no dedo em garra ou martelo. Algumas doenças reumáticas, como a artrite reumatoide, e traumas também podem levar ao aparecimento dessas patologias.
– Algumas doenças reumáticas, como a artrite reumatoide, causas neurológicas, tais como AVC, paralisia cerebral, Pé Marie-Charcot (neuropatia do nervo periférico), diabetes e traumas também podem levar ao aparecimento dessas patologias;
– Calçados apertados na região dos dedos deixarão os dedos mal posicionados e retraídos, além de contribuir para o aparecimento de calos;
– Tipo de pé com dedos maiores, que tendem a ficar mais retraídos dentro dos calçados.
Fatores de risco estão relacionados à:
– Idade: quanto maior a idade mais chance de acometimento. Geralmente idosos tem uma propensão à perda de massa muscular e força gerada pelos músculos, bem como redução da atividade física e capacidade de alongamento, isso pode causar uma rigidez maior das articulações e redução da mobilidade dos pés;
– Sexo: a mulher tem mais predisposição que homens, as causas ainda são inespecíficas, entretanto está correlacionada mais ao tipo de calçado utilizado, que em geral são desconfortáveis, inapropriados e apertados;
– Comprimento dos dedos: quando o 2º dedo é maior que os outros, calçados inadequados e apertados causam a compressão e flexão do 2º e demais dedos;
– Doenças:
1. Diabéticos com neuropatia (redução da sensibilidade) e pessoas com neuropatia devido a outras doenças, ao utilizar sapatos inadequados e por não perceber que os dedos estão apertados, podem ter lesões e dedos em garra; 2. Pessoas com Artrite Reumatoide que apresentam quadro de inflamação das articulações, rigidez e degeneração das estruturas. Se utilizar sapatos inadequados pode comprometer mais ainda à condição da doença e provocar dedos em garra; 3. No caso de Indivíduos com AVC pode ocorrer uma hipertonia que é uma rigidez muscular, levando ao quadro de rigidez articular, dor, dificuldade no equilíbrio e marcha, afetando assim a musculatura do pé e causando os dedos em garra. Alguns médicos podem sugerir o uso da toxina Botulínica (botox), para relaxamento da musculatura especifica e redução da hipertonia.
– Atividades Físicas: caso a pessoa já tenha características de alta pressão nos metatarsos, aparecimento de calos em cima dos dedos e metatarsos, hiperemia (local fica vermelho) e hipertermia (calor no local), podem ter maior predisposição à deformidade, ao realizar atividades como o futebol, corrida, ginástica olímpica, balé e outras atividades de alta intensidade e que cause constantes contusões diretas e indiretas, também faz parte do grupo de risco.
– Tanto para os dedos em martelo quanto para os dedos em garra existem sintomas bem similares, como:
– Dor nos dedos e nos metatarsos (ossos do pé);
– Inchaço nos dedos e no pé;
– Vermelhidão na região;
– Retração e rigidez dos dedos, normalmente o movimento dessas estruturas fica difícil e doloroso;
– Formação de calosidade nos locais onde há atrito com os calçados;
– Perda de mobilidade e força no pé e dedos. O indivíduo terá muita dificuldade de movimentação dos dedos por falta de força e falta de mobilidade.
Para prevenir esses tipos de deformidades é necessário mudar hábitos errados de maneira que se previna a evolução da patologia, como por exemplo:
– Utilizar sapatos espaçosos e não os que apertam e deixam os dedos mal posicionados;
– Fazer fisioterapia para melhorar a mobilidade, a força e o controle dos dedos e do pé com manobras e exercícios específicos;
– Usar separadores de dedos;
– Usar palmilhas Pés Sem Dor;
– Alguns médicos podem optar pelo uso da toxina Botulínica (Botox®) para redução da rigidez, quando a alteração é muito grande, pode-se optar por cirurgias corretivas.
Tratamento conservador com fisioterapia:
– Fazer fisioterapia para melhorar a mobilidade, a força e o controle dos dedos e do pé;
– Puxar a toalha com os dedos e depois empurra;
– Exercícios específicos como alongamento manual dos dedos com a figura abaixo;
– Alongamento manual dos dedos.
Realizar estabilização da articulação com profissionais habilitados como na figura abaixo:
Formas de estabilizar as articulações dos dedos.
Pode ser feito um teste simples para avaliar a estabilidade, o Teste de “Gaveta”, o terapeuta puxa o dedo para cima, se houver deslocamento excessivo pode indicar instabilidade. Para avaliar a força da articulação, o paciente prende o papel com o dedo e o examinador puxa o papel, se o papel sair intacto tem boa força (b), caso rasgue o papel pode apresentar pouca força (a).
A palmilha Pés Sem Dor restitui o arco transverso do pé com o uso de uma elevação retrocapital (um piloto imediatamente antes dos metatarsos), apoia o arco longitudinal (formado no meio do pé) e adapta os pés aos calçados. Assim, o pé e os dedos ficam alinhados, melhorando a dor, a funcionalidade dos dedos e do pé, e a estética.
Palmilhas ortopédicas sob medida Pés Sem Dor
Para os casos mais graves, que não foram resolvidos com tratamento conservador, pode-se optar por uma intervenção cirúrgica. Existem muitas técnicas cirúrgicas para essas deformidades e a escolha dependerá do médico e da gravidade da doença, sempre na tentativa de realinhar os dedos e o pé, basicamente com cortes e fixações dos ossos. Outra técnica descrita é a reparo do “Plantar Plate” que é a fixação em caso de rompimento desta estrutura tão importante para estabilidade da articulação. As cirurgias desses casos devem ser evitadas e podem causar outros problemas, como:
– Lesão do nervo;
– Infecção;
– Inchaço, dor e desconforto permanentes;
– Perda de mobilidade dos dedos;
– Outras dores no pé.
1) Deformidades dos dedos menores | Clínica e Cirurgia do Pé
2) Foot conditions: Claw toe | Foot.com
3) Professional Reference: Toe deformities | Patient.com.uk